Wladimir Saldanha
revisitando o “verbo musical” de Verlaine (1844-1896) com rara
perfeição. Pertence ao livro Culpe o Vento (7Letras, 2014), volume esse
que um Manuel Bandeira, se vivo fosse, diria algo como “esse jovem poeta
é muito bom tanto na música dos outros quanto na dele própria.”
ARIETA ESQUECIDA, PARA USO PRÓPRIO
[Tradução da Ariette Oubliée III, de Verlaine]
Há choro em meu coração
Como há chuva na cidade;
Mas que angústia que me invade
E molha meu coração?
Doce tilintar da chuva
Pelos tetos e calçadas!
Para um peito que se enfada,
Que canções há nesta chuva!
Há um choro sem razão
Em meu peito mareado.
Mas, quê! Não há traição?...
Este luto é sem finado.
É esta a pior angústia
Por não se saber motivo.
Sem amigo ou inimigo,
Meu coração se angustia.
SALDANHA, Wladimir. Culpe o Vento. Rio de Janeiro: 7Letras, 2014.
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